20 de setembro de 2013

retorno solar

– E aí, o que você vai fazer no seu aniversário? – meu irmão perguntou.
– Terapia – respondi.

Alguns acharam graça na minha resposta (aqueles que conseguem achar graça em piada de virginiano porque, cá entre nós, é um humor muito esquisito). O que poucos sabiam era que eu estava sendo verdadeira, para variar. 

Porque uma pessoa que se propõe a viver a vida intensamente – como eu costumava pregar, orgulhosa, na ignorância dos meus vinte e poucos – atrai experiências intensas. De diversas naturezas. E isso pode ser emocionante, mas também doloroso. Ou isso pode ser emocionante e também doloroso.

E porque, para não ficar só apurando meu mais recente comportamento obsessivo de assumir culpas – neste caso, por ter atraído a intensidade para a minha vida –, eu tenho que admitir minha essência almodovariana. É isso. Sou latina mesmo, no sentido batido, estereotipado, você pode dizer. Porque eu sofro, sou passional, solto o verbo, choro, fico abatida, levanto, sacudo e vamos festejar. (Claro, é uma faceta. Uma boa faceta do sangue hispano-italiano que corre nas minhas veias.)

Pensando só nesses dois aspectos, dá para deduzir o porquê da minha resposta.

Daí que eu, há alguns anos, venho dizendo que choraria muito quando me balzaquiasse.
Sei que o dia está apenas começando, mas depois de um despertar com flores e declarações de amor... ah, eu até desisti de pensar “what the hell eu fiz em três décadas?” e percebi que o peso pode ser mais leve.

É uma questão de ponto de vista.

Admito que viver no vale jupteriano sob a foice de Saturno não é um período fácil. (Se você passou pelos 28-30 sem se fazer um único questionamento existencial, devo te dar os parabéns pelo autocontrole; ou os pêsames pela falta de interesse por si mesmo ou por estar correndo atrás do próprio rabo e não ter se dado conta de uma oportunidade tão incrível de se transmutar, de se conhecer um pouquinho, de questionar suas fraquezas, de tentar trilhar um novo caminho.)

Ma-a-as, estamos aí.

Um novo ano, um novo lugar, uma nova vida.

Como diria minha grande amiga Cris, a roda tem que girar.