Quando fui assistir pela primeira vez a Le voyage du ballon rouge, na fila do cinema encontrei uma mulher (gentil, discreta, agradável) que começou a puxar papo comigo. Trocamos algumas palavras e ela me contou que tinha escolhido aquele filme porque tinha visto, anos atrás, Le ballon rouge, o média que serviu de inspiração para este longa. Achei aquilo incrível. Afinal, é para poucos o privilégio de poder ter visto este clássico no cinema, numa mostra. Além do mais, gosto dessa sensação de diferentes propósitos para um mesmo fim: ela estava ali, na expectativa de uma experiência ao menos próxima da que tinha vivenciado anos atrás; eu, bom, eu só tinha grifado uma sinopse de quinze palavras “que me diziam algo”. Nós nos encontramos na saída. Ela tinha gostado do filme; eu tinha adorado. Com aquela cara-amassada-pós-sessão, saí da sala encantada pela simplicidade do que eu tinha visto.
Le voyage é um filme lindo,
leve, que retrata um balão, um garoto. Paris. Sua babá, sua mãe. Tive a sensação de assistir a um momento
da vida daquelas pessoas, com um toque de poesia, de fábula. Tudo é
bastante trivial, faz parte do cotidiano daquela criança, faz parte do universo
da infância – inclusive o balão. Mas a delicadeza é que, embora o balão faça
parte deste universo e seja também trivial, a forma como ele aparece no filme
não é. Sempre à espreita do garoto, o balão é livre, e suas aparições parecem querer
nos mostrar que há... algo mais. E há: a imaginação. Com mais liberdade – e permissão –
na infância, mas não restrita a ela (no filme, a babá tem o cinema, a mãe tem
as marionetes), a imaginação está em todos os lugares, em todas as pessoas.
Mesmo sem pensar, assim, no que
há de mais sublime, adoro Le voyage pelo retrato honesto das pessoas.
A mãe agitada, a babá tímida, o menino espontâneo; a relação entre eles. As cenas do balão sobrevoando
Paris – a câmera seguindo seu mesmo ritmo, “despretensioso” – são de uma beleza
única. Ah, e Juliette Binoche faz o
papel da mãe. Sobram motivos para querer rever este filme.
Le voyage du ballon rouge (“A viagem do balão vermelho”) é um longa-metragem
de 2007, dirigido por Hou Hsiao-Hsien. Le
ballon rouge (“O balão vermelho”), o média-metragem homenageado, é de 1956,
dirigido por Albert Lamorisse. Lindos, os dois.
Sobre a imagem lá em cima: pôster criado por Kayan Chan. Copyright © 2011 Kayan Chan. (Reprodução gentilmente autorizada pela artista.)
Sobre a imagem lá em cima: pôster criado por Kayan Chan. Copyright © 2011 Kayan Chan. (Reprodução gentilmente autorizada pela artista.)
Eu te amo simplesmente por você existir... Adorei o post! Bjos minha linda!
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