11 de junho de 2013

um filme-homenagem























Quando fui assistir pela primeira vez a Le voyage du ballon rouge, na fila do cinema encontrei uma mulher (gentil, discreta, agradável) que começou a puxar papo comigo. Trocamos algumas palavras e ela me contou que tinha escolhido aquele filme porque tinha visto, anos atrás, Le ballon rouge, o média que serviu de inspiração para este longa. Achei aquilo incrível. Afinal, é para poucos o privilégio de poder ter visto este clássico no cinema, numa mostra. Além do mais, gosto dessa sensação de diferentes propósitos para um mesmo fim: ela estava ali, na expectativa de uma experiência ao menos próxima da que tinha vivenciado anos atrás; eu, bom, eu só tinha grifado uma sinopse de quinze palavras “que me diziam algo”. Nós nos encontramos na saída. Ela tinha gostado do filme; eu tinha adorado. Com aquela cara-amassada-pós-sessão, saí da sala encantada pela simplicidade do que eu tinha visto.

Le voyage é um filme lindo, leve, que retrata um balão, um garoto. Paris. Sua babá, sua mãe. Tive a sensação de assistir a um momento da vida daquelas pessoas, com um toque de poesia, de fábula. Tudo é bastante trivial, faz parte do cotidiano daquela criança, faz parte do universo da infância – inclusive o balão. Mas a delicadeza é que, embora o balão faça parte deste universo e seja também trivial, a forma como ele aparece no filme não é. Sempre à espreita do garoto, o balão é livre, e suas aparições parecem querer nos mostrar que há... algo mais. E há: a imaginação. Com mais liberdade – e permissão – na infância, mas não restrita a ela (no filme, a babá tem o cinema, a mãe tem as marionetes), a imaginação está em todos os lugares, em todas as pessoas.

Mesmo sem pensar, assim, no que há de mais sublime, adoro Le voyage pelo retrato honesto das pessoas. A mãe agitada, a babá tímida, o menino espontâneo; a relação entre eles. As cenas do balão sobrevoando Paris – a câmera seguindo seu mesmo ritmo, “despretensioso” – são de uma beleza única. Ah, e Juliette Binoche faz o papel da mãe. Sobram motivos para querer rever este filme.




Le voyage du ballon rouge (“A viagem do balão vermelho”) é um longa-metragem de 2007, dirigido por Hou Hsiao-Hsien. Le ballon rouge (“O balão vermelho”), o média-metragem homenageado, é de 1956, dirigido por Albert Lamorisse. Lindos, os dois.

Sobre a imagem lá em cima: pôster criado por Kayan ChanCopyright © 2011 Kayan Chan. (Reprodução gentilmente autorizada pela  artista.)

Um comentário:

  1. Rafael Mariussi (Negro)11 de junho de 2013 às 12:24

    Eu te amo simplesmente por você existir... Adorei o post! Bjos minha linda!

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